A VIDA E O TRABALHO
DE DONA BORJA
A turma do 4º ano da Escola Municipal de
Ensino Fundamental Presidente Costa e Silva, composta por 25 alunos e
coordenados pela professora Elisa Ramos, desenvolveu durante o primeiro
semestre deste ano o Projeto “A vida e o trabalho de Dona Borja”.
O projeto
teve como objetivos conhecer a história de vida de Dona Borja, que dá nome a
Unidade de Saúde da Família da Vila Brasília, inaugurada no ano passado,
trabalhar com diferentes fontes históricas e valorizar como as pessoas cuidavam
da saúde antigamente.
Através de
depoimentos de seu filho, de pessoas da comunidade que eram atendidas por ela,
de registros de memória de quem trabalhou no Posto de Saúde da Vila Brasília
com D. Borja, a turma foi construindo a sua trajetória de vida, trabalho,
valores e significado para a comunidade da Vila Brasília, numa época em que
chás, benzimentos e orações estavam muito presentes no tratamento das pessoas.
Abaixo,
trechos do trabalho pesquisado e organizado pela turma e apresentado no dia 11
de julho.
DONA BORJA
Pelo seu filho João
Carlos
“Anaurelina Vieira da Paixão
nasceu em Campos Borges ,
na época fazia parte da cidade de Espumoso, aos 26 de junho de 1.922.
Era filha
de Geraldo Soares Pereira e Maria Augusta Pereira.
Conheceu
Maurílio do Carmo da Paixão com quem se casou e por causa das condições para
viverem que na época encontravam, resolveram mudar para Tapera, onde ele se
empregou na Cooperativa.
Com o
passar dos tempos conseguiram comprar um terreno, construíram uma casinha.
Naquela
época, as coisas eram difíceis, não era fácil o acesso á médicos, remédios, as
pessoas morriam por falta de medicamento
Dona Borja,
como ficou conhecida pela população, fazia benzimentos contra mordida de
aranha, mijada de aranha, cobreiro, míngua, lombrigas enroladas, que na época
matavam bastante pessoas, ar na cabeça, que quer dizer dor de cabeça.
Fazia chás
caseiros e alguns remédios que eram usados.
Teve cinco
filhos, todos adotivos; dois filhos faleceram: uma com três meses e a outra com
sete anos.
Com o
passar dos anos se empregou na prefeitura como enfermeira da comunidade onde
tinha seu salário e cumpria horário determinado no Posto. Depois disto, fazia
injeções, curativos, benzimentos e outras coisas em casa fora do seu horário de
trabalho.
Fazia parte
da comunidade, não perdia reuniões da igreja católica, fazia parte de vários
grupos como Encontro de casais, Encontro de pais e mestres, Alcoólicos
anônimos, era catequista, rezava terços nas casas das famílias e nos velórios.
Uns anos
antes de seu falecimento começou a participar de grupos espíritas e então
começou a fazer sessões espíritas em casa.
Em 01 de
abril de 1.996, com 74 anos, veio a falecer na cidade de Garibaldi onde tinha
ido visitar seus parentes.”
“Eu aprendi
muitas coisas com ela que tentarei passar para os filhos, uma delas que não
consigo esquecer é do seu sorriso estampado no rosto ao receber seus pacientes,
aquilo não tinha hora, sem exigir nada em troca.”
DEPOIMENTOS SOBRE A
DONA BORJA
PELA COMUNIDADE DA
VILA BRASÍLIA
SAUDADES
DONA BORJA:
“Ela era como uma mãe para todos
nós. Ela andava nas casas fazendo injeção em quem precisava dela, não tinha
frio ou chuva. Ela estava sempre pronta pra ajudar quem precisava, sempre com
muito carinho com todos.
Era assim
carinhosa, alegre e feliz com todos.”
Noêmia Terezinha
Leising, 48 anos, avó do aluno Ronaldo.
“A Dona Borja trabalhava em casa fazendo curativo em quem
precisava.
A vida dela
era fazer o bem para as pessoas.”
Noeli Vargas, mãe do
aluno Patrick.
“O trabalho
da Dona Borja era tipo enfermagem, uma pessoa que todos gostavam, respeitavam e
que sempre estava à disposição das pessoas que precisavam. Ela aplicava
injeções, fazia curativos.”
Salete Shultz, mãe da
aluna Emelym.
“A Dona Borja era uma
pessoa muito especial, muito querida por todos, fazia injeções nas pessoas,
receitava chás, tanto que no velório dela a comoção era grande e de tantas
pessoas que foram era feita uma fila só para passarem perto dela, pois a comunidade
taperense ficou triste com a perda dela.”
Salete Otília de
Souza, mãe do aluno Michel.
“A Dona
Borja foi uma pessoa muito importante para a comunidade, ela aplicava injeções
nas pessoas a qualquer dia e qualquer hora, sem cobrar nada.”
Margarete de Souza
Moraes, 38 anos, mãe do aluno Pedro.
“Dona Borja
era muito importante para a comunidade.
Ela benzia
as pessoas, fazia remédios e era enfermeira. Não tinha hora para atender as
pessoas, sempre alegre com todos.
Ela gostava
de rezar o terço nas casas.
A perda da
Dona Borja foi muito triste para o povo da Vila Brasília, mesmo as crianças
pequenas sentiram falta porque ela era querida com todos.”
Nadir de Fátima da
Silva, funcionária da escola.
“Nós temos um grande prazer de
falar da Dona Borja. Ela era uma pessoa ótima como vizinha, benzedeira e
enfermeira e adorava a Deus, rezava o terço e amava Nossa Senhora Aparecida.
Ela era uma pessoa maravilhosa,
de muita fé, gostava de todas as pessoas da Vila.
Se a gente vai falar, só tem
lembranças boas da Dona Borja.
Terezinha
e Antenor Borba, membros da comunidade.
“Sempre que lembro da Dona Borja
é com carinho, pois recordo que quando eu trabalhava no sábado não podia ir na
catequese, então ela me dava catequese no domingo de manhã.
Eu sempre achei ela muito
querida, sempre disposta a ajudar a todos e tentar resolver os problemas.
Tenho certeza que muitos aqui na
Vila Brasília sentem muita falta da Dona Borja.”
Cláudio
Pereira, pai do aluno João Eduardo, 6º ano.
“A
Dona Borja era uma senhora miúda, cuidava de dois especiais. Conhecia todos os
moradores.
Os
moradores tinham uma confiança nela. Quando o médico os atendia ao invés de
tomar o medicamento primeiro falavam com a Dona Borja.
Ela
tinha uma casa simples, mas recebia todos sem exceção com o maior carinho e
sempre confortando a população.”
Lenize Gabriel,
funcionária da escola.
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